Por muitas vezes passei por aquele Salgueiro Chorão. Apenas me dei conta dele quando meu caçula interpretou essa árvore junto com uma amiguinha muito querida, na peça teatral da escola, no final do ano passado.
Comecei a reparar nos Chorões pela cidade. Lembrei-me de que, quando eu era pequena, eu adorava essas árvores e elas eram muitas nos meus caminhos de infância. Não sei se elas me encontravam ou se eu as procurava. Só sei que a sensação de estar debaixo de suas folhas, senti-las passando pelo rosto, braços e pescoço, são bem vivas na minha memória.
Quando menina, eu não sabia que algumas espécies de Chorões dão flores vermelhas, tornam-se Chorões um pouco mais alegres.
Hoje, ao passar pelo Salgueiro Chorão do meu caminho, pela manhã, e vê-lo todo florido, senti um impulso de pegar o telefone e ligar pra minha avó Dora. Era ela quem me ajudava a encontrar os Chorões em nossas caminhadas.
Se eu pudesse, eu ligaria... Ou iria até a casa dela pra um café da tarde com biscoitos.
Se eu pudesse, eu iria... e perguntaria pra ela se ela já tinha reparado que os Chorões dão flores. E se ela dissesse que nunca tinha reparado nas flores do Chorão, eu a levaria para vê-lo, junto comigo e com o Heitor.
Se eu pudesse, eu a levaria..., mas essa impotência, essa saudade, essa ausência, essa memória doce e dolorida, fez-me chorar...
Se eu pudesse, eu não choraria, mas não pude.
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