Os quatro rabinos: perceber e disseminar com sabedoria
- Fernanda Trigo Costa
- 20 de mar. de 2021
- 2 min de leitura
Em "Mulheres que correm com lobos" de Clarissa Pinkola Estés
Uma noite quatro rabinos receberam a visita de um anjo que os acordou e os levou para a Sétima Abóbada do Sétimo Céu.
Ali eles contemplaram a sagrada Roda de Ezequiel.
Em algum ponto da descida do Paraíso para a Terra, um rabino, depois de ver tanto esplendor, enlouqueceu e passou a perambular espumando de raiva até o final dos seus dias.
O segundo rabino teve uma atitude extremamente cínica. "Ah, eu só sonhei com a Roda de Ezequiel, só isso. Nada aconteceu de verdade!"
O terceiro rabino falava incessantemente no que havia visto, demonstrando sua total obsessão. Ele pregava e não parava de falar no projeto da Roda e no que tudo aquilo significava... e dessa forma ele se perdeu e traiu sua fé.
O quarto rabino, que era poeta, pegou um papel e uma flauta, sentou-se junto à janela e começou a compor uma canção atrás da outra elogiando a pomba do anoitecer, sua filha no berço e todas as estrelas do céu. E daí em diante ele passou a viver melhor.
A história recomenda que a melhor atitude para vivenciar o
inconsciente profundo, — ou alguma experiência em que percebamos
algo fora do conhecimento normal dos seres humanos e que nos
preenche com uma sensação de amplitude e de grandeza — é a
do fascínio sem exagero ou retraído, sem excessos de
admiração ou de cinismo; com coragem, sim, mas sem imprudência.
Diante dessas experiências, há, de certa forma, uma obrigação moral
de viver aquilo que percebemos, seja o que for —
encontrado nos campos elísios da psique, nas ilhas dos mortos,
nos desertos de ossos , na vertente da montanha, nos rochedos do mar, na
riqueza do mundo subterrâneo, em qualquer lugar onde uma
força sopre sobre nós, nos transformando —, sobreviver e
exprimir o que foi aprendido.
Nossa função é a de mostrar que recebemos esse sopro — demonstrá-lo,
divulgá-lo, cantá-lo, escrevê-lo, vivenciar no mundo material o que
recebemos através de percepções repentinas da história,
do corpo, dos sonhos e das viagens de todos os tipos.
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